Pesquisar neste blogue

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Keynes em revista


Keynes é ainda mais importante agora do que o foi há 50 anos. Não sei se os economistas, em geral, se tornarão keynesianos de novo, mas passei a levar muito a sério as questões de tipo keynesiano, se assim se pode dizer. É claro que Lord Keynes não era uma profeta sagrado. Ele pode ter colocado as perguntas certas, mas cabe-nos a nós encontrar as respostas apropriadas. (Paul Krugman)

A escola Keynesiana ou Keynesianismo é a teoria econóica consolidada pelo economista inglês John Maynard Keynes no seu  livro Teoria geral do emprego, do juro e da moeda (General theory of employment, interest and money)1 e que consiste numa organização político-económica, oposta às concepções liberais, fundamentada na afirmação do Estado como agente indispensável de controle da economia, com o  objetivo de conduzir a um sistema de pleno emprego. Tais teorias tiveram uma enorme influência na renovação das teorias clássicas e na reformulação da política de livre mercado.
A escola keynesiana basei-se no princípio de que o ciclo económico não é auto-regulado como pensam os neoclássicos, uma vez que é determinado pelo "espírito animal" (animal spirit no original em inglês) dos empresários. É por esse motivo, e pela incapacidade do sistema capitalista conseguir empregar todos os que querem trabalhar, que Keynes defende a intervenção do Estado na economia.
A teoria atribuiu ao Estado o direito e o dever de conceder benefícios sociais que garantam à população um padrão mínimo de vida como a criação do salário mínimo, do seguro-desemprego, da redução da jornada de trabalho (que então superava 12 horas diárias) e a assistência médica gratuita. O Keynesianismo ficou conhecido também como "Estado de bem-estar social", ou "Estado Escandinavo".

As políticas económicas intervencionistas foram inauguradas por Roosevelt com o New Deal,  no início da década de 1930, defendendo a intervenção do Estado na Economia com o objetivo de tentar solucionar a crise de 1929.  
 Em 1936, essas políticas económicas foram teorizadas e racionalizadas por Keynes na obra Teoria geral do emprego, do juro e da moeda1 .
A teoria de Keynes é baseada no princípio de que os consumidores gastam em função dos  seus bens e poupam, em função da renda. Quanto maior a renda, maior poupança existirá.  Assim, se a renda aumenta em função do aumento do emprego, a taxa de poupança aumenta simultaneamente; e como a taxa de acumulação de capital aumenta, a produtividade marginal do capital reduz-se, e o investimento é reduzido, já que o lucro é proporcional à produtividade marginal do capital. Então ocorre um excesso de poupança, em relação ao investimento, o que faz com que a  procura efetiva fique abaixo da oferta e assim o emprego se reduza para um ponto de equilíbrio em que a poupança e o investimento fiquem iguais. Como esse equilíbrio pode significar a ocorrência de desemprego involuntário em economias avançadas (onde a quantidade de capital acumulado seja grande e sua produtividade seja pequena), Keynes defendeu a tese de que o Estado deveria intervir na fase recessiva dos ciclos económicos com a sua capacidade de imprimir moeda para aumentar a procura efetiva através de déficits do orçamento do Estado e assim manter o pleno emprego.
Deve notar-se que, para o estado aumentar a procura efetiva, deve gastar mais do que arrecada, porque a arrecadação de impostos reduz a procura efetiva, enquanto que os gastos aumentam a procura efetiva.
O ciclo de negócios segundo Keynes ocorre porque os empresários têm "impulsos animais" psicológicos que os impedem de investir a poupança dos consumidores, o que gera desemprego e reduz a procura efetiva novamente, e por sua vez causa uma crise económica. A crise, para terminar, deve ter uma intervenção estatal que aumente a procura efetiva através do aumento dos gastos públicos.

 O que Keynes defendia, na década de 1930, e que hoje Stiglitz e outros defendem é uma participação ativa de um Estado  nos segmentos da economia que, embora necessários para o bom desenvolvimento de um país, não interessam à inciativa privada.
Não se trata promover uma competição entre o Estado e o mercado, mas sim de obter uma adequada complementação ao mercado, que agindo sozinho não é capaz de resolver todos os problemas, conforme demonstraram Grenwald e Stiglitz7 (1986), em busca de uma maior eficiência geral da Economia.

Fonte: