Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA - trabalho de pesquisa

              MUTAÇÕES NA ESTRUTURA SOCIAL E NOS COSTUMES
              OS NOVOS CAMINHOS DAS CIÊNCIAS

  
Forma grupos de 3 pessoas e trata um dos temas que agora te apresento:

Para todos os grupos:

1.      Contextualização
 Belle Époque (1871-1914)
Situação cronológica.

Era da esperança
Era de progresso
Evolução das ciências
Era de progressos técnicos
Anos 20 – Depois da 1ª guerra mundial, nos anos 20 – é vulgar designá-los de loucos. Porquê?
- era de prosperidade
- alteração dos padrões de vida
- novo estatuto da mulher
- crescimento da classe média

 
                                 Nota: onde se lê: “século passado, deve ler-se século XIX”









































































 Escolhe um tema à tua escolha:

1.      Emergência da cultura de massa:
1.1. Definição de cultura de massas

1.2. Os mass media:
1.3. O papel da imprensa, do cinema; da rádio; do teatro; das exposições de arte; do desporto: do boxe; da corrida de automóveis; das partidas de ténis; do basebal e do futebol.






Os inícios do século XX mais não foram que a continuação de um século XIX onde o optimismo face ao progresso material, os valores morais e sociais de uma burguesia triunfante imperaram.
A Iª Guerra Mundial, a Rev. Soviética e o crescimento económico originam um certo nivelamento dos modos de vida e marcam o início de um movimento de viragem em todos os campos: cultural, político e social e na formação de uma nova mentalidade, mais aberta e inovadora, responsável por comportamentos até aí impensáveis.


As Classes Médias (médicos, professores, engenheiros, arquitectos, comerciantes, homens de leis, guarda-livros...) adquirem um peso e influência crescente nesta sociedade e vão estar na base das principais transformações políticas e culturais:



a) Novos valores morais e sociais;
b) O prazer e a boémia ganham significado (aumentam os locais de convívio);
c) A mulher luta pela sua afirmação através do trabalho fora de casa, do direito ao voto;
d) A Moda (mais leve e desportiva) e a Música (Jazz) reflectem os novos gostos.

Surge uma Cultura de Massas associada ao desenvolvimento tecnológico e ao crescente aumento dos tempos livres.
· A Imprensa, a Rádio, o Cinema, revistas foram os veículos dessa cultura destinada ao grande público.
· O Desporto tornou-se, igualmente, uma manifestação de massas.













2.      Novos caminhos da ciência

2.1.O avanço científico das primeiras décadas do século XX

2.2.Definição de ciências humanas

2.3.Alteração da vida das pessoas em resultado dos novos progressos técnicos

2.4.Escolhe um nome e redige uma pequena biografia: Egas Moniz; Sigmund Freud; Pierre e Marie Curie ou outro.

 AVANÇOS CIENTÍFICOS

. Os cientistas do século XX compreendem que o conhecimento científico não tem valor absoluto;
- A Física desenvolve-se em vários campos com a investigação de cientistas como Max Planck e Albert Einstein;
- A evolução da Biologia traz descobertas importantíssimas que permitem novos avanços na Medicina;
- As Ciências Humanas (Psicologia, Sociologia, História, Arqueologia) partem de um novo conhecimento do homem e desenvolvem novas metodologias.



Verifica-se um significativo progresso das Ciências Exatas.


a) A discussão sobre os limites de validade das ciências assume um papel importante na reflexão.


b) A ciência faz a sua auto-crítica.
c) A teoria da Relatividade desenvolvida por Einstein vai mostrar a existência de factos experimentais contraditórios com os princípios formulados pela ciência, desde Newton.
d) Outros cientistas defendem que em certos campos não é possível alcançar um conhecimento exacto mas apenas probabilistico (Max Planck).

A nível das Ciências Sociais e Humanas:


a) A Psicologia, com FREUD, defende que a razão não controla totalmente as nossas acções. Os impulsos inconscientes são responsáveis por grande parte dos nossos comportamentos. Por outro lado existem valores morais que provocam recalcamentos e reprimem o indivíduo.
A consciência destes vai permitir a alteração no comportamento social que deve ser mais livre dos constrangimentos morais.


A descoberta da existência de uma vasta área do nosso psiquismo que não se manifesta de forma consciente vai ser valorizado do ponto de vista cultural pelas tendências artísticas e literárias da época.







3.      Rutura e inovação nas artes

Arte nova
                                                                  Casa Milà – Barcelona - Gaudi


Expressionismo

Edwardo Munch, O grito





O expressionismo nas artes plásticas

O Expressionismo é a arte do instinto, trata-se de uma pintura dramática, subjetiva, “expressando” sentimentos humanos, o sentimento do artista. Utilizando cores irreais, dá forma ao amor, ao ciúme, ao medo, à solidão, à miséria humana, à prostituição.
Há predominância dos valores emocionais sobre os intelectuais.
Geralmente, os quadros retratam seres humanos solitários e sofredores. Com a intenção de captar estados mentais, vários quadros mostram personagens deformados. Deforma-se a figura, para ressaltar o sentimento.

Principais características:

• Pesquisa no domínio psicológico.
• Cores resplandecentes, vibrantes, fundidas ou separadas.
• Dinamismo improvisado, abrupto, inesperado. O distanciamento da pintura acadêmica, ruptura com a ilusão de tridimensionalidade, resgate das artes primitivas e uso arbitrário de cores fortes.
• Pasta grossa, martelada, áspera. Muitas obras possuem textura áspera devido à grande quantidade de tinta nas telas.
• Técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e refazendo, empastando ou provocando explosões. O pintor recusa o aprendizado técnico e pinta conforme as exigências de sua sensibilidade.
• Preferência pelo patético, trágico e sombrio. O artista vive não apenas o drama do homem, mas também da sociedade.

Esse movimento artístico caracteriza-se pela expressão de intensas emoções. As obras não têm preocupação com o padrão de beleza tradicional e exibem enfoque pessimista da vida, marcado por angústia, dor, inadequação do artista diante da realidade e, muitas vezes, necessidade de denunciar problemas sociais. É comum o retrato de seres humanos solitários e sofredores. Com a intenção de captar estados mentais, vários quadros exibem personagens deformados, como o ser humano desesperado sobre uma ponte que se vê em O Grito, do norueguês Edvard Munch (1863-1944), um dos expoentes do movimento.

A última grande manifestação de protesto expressionista é o painel Guernica, do espanhol Pablo Picasso. Retrata o bombardeio da cidade basca de Guernica por aviões alemães durante a Guerra Civil Espanhola. A obra mostra sua visão particular da angústia do ataque, com a sobreposição de figuras, como um cavalo morrendo, uma mulher presa em um edifício em chamas, uma mãe com uma criança morta e uma lâmpada no plano central.

http://meuartigo.brasilescola.com/literatura/vanguardas-europeias-expressionismo.htm


http://martelodovulcano.blogspot.com/2011/05/expressionismo-simbolismo-e-surrealismo.html


Fauvismo

                                                                    Vlaminsky, 1925



O Fauvismo é considerado como o movimento fundador da arte moderna em França. Apesar de não estar constituído como grupo organizado, o Fauvismo reunia artistas que partilhavam aspirações paralelas no campo da pintura. Os pintores Matisse, Derain, Braque, Vlaminck e Dufy pretendiam transformar a pintura sem, no entanto, proceder à rutura total com o formulário artístico do final do século. Todos adotaram uma paleta impressionista na qual associavam a cor à luz. Fundado em 1904, este grupo experimental foi apresentado pela primeira vez ao público no Salão de outono de 1905, em Paris. A agressividade na aplicação da cor comum a todas as obras expostas por este grupo valeu aos seus autores a denominação pejorativa de fauves (feras) pelo crítico Luis Vauxcelles.
A modernidade do grupo dos fauves parece residir no poder da expressão que por eles é reivindicada. A pintura afasta-se da mera representação mimética para se afirmar como veículo de expressão das emoções do artista.

http://www.infopedia.pt/$fauvismo


http://www.esec-josefa-obidos.rcts.pt/cr/ha/seculo_20/fauvismo.htm

Cubismo

                                                    Picasso, Les mademoiselles de Avignon

    

Este movimento artístico tem seu surgimento no século XX e é considerado o mais influente deste período. Com suas formas geométricas representadas, na maioria das vezes, por cubos e cilindros, a arte cubista rompeu com os padrões estéticos que primavam pela perfeição das formas na busca da imagem realista da natureza. A imagem única e fiel à natureza, tão apreciada pelos europeus desde o Renascimento, deu lugar a esta nova forma de expressão onde um único objeto pode ser visto por diferentes ângulos ao mesmo tempo.


http://aventeurasnarte.blogspot.com/2010/06/cubismo.html


http://www.infopedia.pt/$cubismo

Abstracionismo
                                                                                 Vassili Kandinski, Sobre as Pontas



Uma arte abstrata, que coloca na cor e forma a sua expressividade maior. Estes artistas se aprofundam em pesquisas cromáticas, conseguindo variações espaciais e formais na pintura, através das tonalidades e matizes obtidos. Eles querem um expressionismo abstrato, sensível e emotivo.


Com a forma, a cor e alinha, o artista é livre para expressar seus sentimentos interiores, sem relacioná-los a lembrança do mundo exterior. Estes elementos da composição devem Ter uma unidade e harmonia, tal qual uma obra musical.


http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/abstracionismo/abstracionismo-1.php


www.infopedia.pt/$abstraccionismo


Futurismo

                                       Nnicolaj-Diulgheroff,  luomo-razionale, 1928



O Futurismo é uma das facetas do Modernismo,que se pode associar à agressividade, ao escândalo e ao agitar da vida moderna que inspira dinamismo, paixão pelas máquinas, pela tecnocracia das cidades industrializadas.

http://www.citi.pt/cultura/temas/frameset_futurismo.html


http://www.infopedia.pt/$futurismo



Surrealismo

                                                              Salvador Dali, Premonição






Segundo André Breton, "Surrealismo é o automatismo psíquico puro pelo qual se propõe expressar, verbalmente, por escrito, ou de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento. O pensamento é ditado com ausência de qualquer outro exercício da razão, a margem de toda preocupação com estética ou moral. Em outras palavras: existe outra realidade, tão real e lógica como a exterior, que é a dos sonhos, da fantasia, dos jogos espontâneos do inconsciente que se desenvolve a margem de toda a função filosófica, estética ou moral.


Assim, o movimento pretendeu superar a realidade fragmentária e falsa apresentada pela nossa lógica, nossa moral e nossa estética rígida, para chegar a uma realidade superior. Propõe-se assim a afastar o que é convencional e fazer surgir a parte do homem que menos se expressa: o subconsciente.


http://www.angelfire.com/pa/genesis4/surrealismo.html

Autores sem movimento
Autores portugueses como Dórdio Gomes; Santa Rita Pintor; Almada Negreiros e Amadeo Souza-Cardoso – manual p. 68


            Em relação a cada movimento procura analisar as características; as cores; a técnica; a função; principais autores.
                         Descreve com pormenor o que é representado numa composição plástica e diz o que 
              te revela essa obra de arte.



            Faz a correspondência entre cada um dos textos e uma imagem capaz de se lhe adequar:

À imobilidade sonhadora e ao êxito, nós queremos opor o movimento agressivo e a insónia febril. Nós declaramos que o esplendor do mundo se enriqueceu com uma nova beleza: a beleza da velocidade”.

“O que eu busco acima de tudo é a expressão. A expressão está em toda a disposição do meu quadro…”
  
            
“… o automatismo psíquico puro pelo qual se propões exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja por outro modo, o funcionamento real do pensamento”.

  ------ Vê os power point insertos no blogue Estoriar3

Neste tema podes, apenas fazer uma pintura com as características de um dos movimentos e explicar as tuas opções aos teus colegas.




Arquitetura:

                                                 Frank Lloyd Wrigh, A casa da cascata


Escolas arquitetónicas norte americanas: Frank Lloyd Wrigh; o modernismo; o movimento da Bauhaus (Ex: Walter Gropius) e o funcionalismo.

Arquitetura portuguesa da época – manual p. 68

Procura analisar sempre as características; materiais; a técnica; a função; intenção e principais autores.

“ a nova habitação torna-se essencialmente uma máquina a habitar e também um dispositivo biológico respondendo às necessidades materiais e espirituais. (…) A casa nova é um elemento prefabricado, montado a seco e, como tal, um produto industrial, obra de especialistas: economistas, técnicos de estatística, técnicos de higiene, de clima, engenheiros, especialistas de problemas de aquecimento. (…)
Construir é organizar conscientemente os processos vitais (…) Construir não é mais um assunto de indivíduos mas negócio de todos. Construir é somente organizar a vida social, técnica, económica e psicológica”. Hannes Meyer, Construir Bauhauss, nº 4, 1918


Escultura




                                                                   Rodin, o Beijo
Os dois amantes absorvidos num intenso beijo representados na estátua "O Beijo", realizada por Auguste Rodin, transmitem uma tal força emotiva e sensualidade que tornou esta obra numa das mais famosas esculturas de todos os tempos. 
Procura analisar as características; a técnica; a função; intenção e principais autores


           












RUPTURA E INOVAÇÃO NAS ARTES

Vive-se, nos primeiros anos do século XX, um período de aparecimento de movimentos artísticos, inovadores, que vão contra a norma, contra as “Escolas” que ditavam os gostos, os temas e as técnicas da arte.
Os novos artistas apresentam experiências diversificadas, marcadas por um corte com a tradição;
Revelam uma certa agressividade e irreverência na utilização das formas e da cor.
Na pintura, o cubismo, o abstraccionismo, o surrealismo e o futurismo (pretendia retratar a civilização industrial, o movimento da vida moderna) foram as correntes que mais se impuseram. (Picasso, Bracque, Salvador Dali, Amadeo de Sousa Cardoso, Almada Negreiros, Santa Rita) foram alguns dos seus artistas.

Na arquitectura, a adaptação dos edifícios à função para a qual se destinam e a utilização de novos materiais, fruto da nova sociedade industrial, são as características mais marcantes. (Funcionalismo arquitectónico)

A literatura revelou autores e estilos inovadores que se debruçam sobre a intimidade humana, sobre os sentimentos das pessoas. (Modernismo). (Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, )



4.      Rutura e inovação na literatura

John Steinbeck (E.U.A)




Ernest Hemingway (E.U.A)

"Quando o sol já ia mais alto, o velho verificou que o peixe
se não cansara. Havia apenas um sinal favorável. A inclinação da linha mostrava que nadava a menor
profundidade. O que não significava necessariamente que ele
iria saltar. Mas podia.
  -- Deus o faça saltar. Tenho linha de sobra para lhe dar.
  "Talvez que, se eu aumentar só um poucochinho a tensão, o magoe e faça saltar, pensou. Agora, que é dia, que salte, para encher de ar os sacos ao longo da espinha e não poder ir ao fundo quando morrer".
  Tentou aumentar a tensão, mas a linha fora esticada a ponto de rotura, desde que ele apanhara o peixe, e, ao
encostar-se para a puxar, sentiu-lhe a dureza e viu que não podia tendê-la mais. "Nem devo mexer-me, pensou. De cada vez que me mexo, alargo o golpe que o anzol faz, e depois, quando ele saltar, atira com o anzol fora. Seja como for, com sol é melhor, e ao menos não preciso estar a ver o que acontece".
  Havia na linha algas amarelas, mas o velho sabia que apenas eram como que uma fateixa suplementar, e até ficou
contente. Eram os sargaços do Golfo que tanta fosforescência haviam dado de noite.
-- Peixe -- disse. -- Amo-te e respeito-te muito. Mas hei-de matar-te, antes de o dia acabar.
  "Esperemos que sim", pensou.
  Um pequeno pássaro veio do norte em direcção ao esquife. Era uma toutinegra e voava rente às águas. O velho bem via que estava muito cansada.O pássaro veio à popa do barco, onde pousou. Depois, voou
em torno da cabeça do velho, e pousou na linha, onde se sentia mais comodamente.
  -- Que idade tens? -- perguntou-lhe o velho. -- É a tua primeira viagem?
  O pássaro fitou-o, enquanto ele lhe falava. Estava tão cansado que nem examinava a linha, e tremia nas delicadas patas enclavinhadas nela.
-- Está tesa, tesa demais -- disse o velho. -- Não devias estar tão cansado, depois de uma noite sem vento. No que estarão dando os pássaros?
  "Os falcões, pensou, que saem ao largo, ao encontro deles". Mas nada disto disse ao pássaro, que de resto não
sabia entendê-lo e não tardaria a aprender quem os falcões eram.
  -- Repousa à vontade, passarito. E, depois, vai, e vive a tua vida, como os homens, os pássaros e os peixes.
  Deu-lhe coragem a conversa, porque as costas haviam ficado dormentes de noite e lhe doíam, agora, de verdade.
  -- Fica em minha casa, se preferes, ó pássaro. Tenho pena de não poder içar a vela e levar-te com a aragem que se está levantando. Mas estou com um amigo.
  Nesse momento, o peixe deu um puxão súbito, que atirou o velho para o fundo da proa, e tê-lo-ia levado pela borda fora, se não se houvesse agarrado e não tivesse largado mais linha. O Velho e o Mar


Kafka (República Checa). Ex: A Metamorfose


http://www.inestetica.com/teatro/metamorfose/sinopse.html
"Uma manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco insecto"
A Metamorfose narra a história fantástica de Gregor Samsa, um caixeiro-viajante que se vê obrigado a suportar todas as despesas da família, e que certa manhã, ao acordar cedo para o trabalho, constata que se transformou num escaravelho.
De início, as suas preocupações centram-se na estranha metamorfose e na impossibilidade de cumprir as obrigações profissionais, mas perante a repulsa dos pais, Gregor inicia um complexo processo interior de mutação, que o conduz a uma análise obsessiva do seu contexto familiar e social.
À excepção da irmã, que numa primeira fase decide alimentá-lo, todos recusam ajudar Gregor, remetendo-o à sua solitária agonia. Perante este cenário uma nova metamorfose ocorre no seio familiar: o pai, a mãe e a irmã voltam a trabalhar e a família decide perspectivar um futuro onde não existe lugar para Gregor...
Uma irónica metáfora sobre o absurdo da condição humana, num espectáculo que explora a plasticidade narrativa de uma das obras mais marcantes de Franz Kafka e da literatura do século XX.


Perguntas de um operário letrado
Quem construiu a Tebas das sete portas?
Nos livros constam os nomes dos reis.
Os reis arrastaram os blocos de pedra?
E a Babilônia tantas vezes destruída
Quem ergueu outras tantas?
Em que casas da Lima radiante de ouro
Moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros
Na noite em que ficou pronta a Muralha da China?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os levantou?
Sobre quem triunfaram os Césares?
A decantada Bizâncio só tinha palácios
Para seus habitantes?
Mesmo na legendária Atlântida,
Na noite em que o mar a engoliu,
Os que se afogavam gritaram por seus escravos.
O jovem Alexandre consquistou a Índia.
Ele sozinho?
César bateu os gauleses,
Não tinha pelo menos um cozinheiro consigo?
Felipe de Espanha chorou quando sua armada naufragou.
Ninguém mais chorou?
Fredrico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu além dele?
Uma vitória a cada página.
Quem cozinhava os banquetes da vitória?
Um grande homem a cada dez anos.
Quem pagava as despesas?
Tantos relatos.
Tantas perguntas.



James Joyce (Irlanda)

Marcel Proust (França)

Jean Paul Sartre (França)


Autores portugueses - manual p. 69

Ode Triunfal, Álvaro de Campos


À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.


Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!


Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical --
Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força --
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro,
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas
Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão,
E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta,
Átomos que hão de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem,
Andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes volantes,
Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando,
Fazendo-me um excesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma.


Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!
Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,
Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões
Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!


Fraternidade com todas as dinâmicas!
Promíscua fúria de ser parte-agente
Do rodar férreo e cosmopolita
Dos comboios estrénuos,
Da faina transportadora-de-cargas dos navios,
Do giro lúbrico e lento dos guindastes,
Do tumulto disciplinado das fábricas,
E do quase-silêncio ciciante e monótono das correias de transmissão!


Horas europeias, produtoras, entaladas
Entre maquinismos e afazeres úteis!
Grandes cidades paradas nos cafés,
Nos cafés -- oásis de inutilidades ruidosas
Onde se cristalizam e se precipitam
Os rumores e os gestos do Útil
E as rodas, e as rodas-dentadas e as chumaceiras do Progressivo!
Nova Minerva sem-alma dos cais e das gares!
Novos entusiasmos da estatura do Momento!
Quilhas de chapas de ferro sorrindo encostadas às docas,
Ou a seco, erguidas, nos pianos-inclinados dos portos!
Actividade internacional, transatlântica, Canadian-Pacific!
Luzes e febris perdas de tempo nos bares, nos hotéis,
Nos Longchamps e nos Derbies e nos Ascots,
E Piccadillies e Avenues de l'Opera que entram
Pela minh'alma dentro!


Hé-lá as ruas, hé-lá as praças, hé-la-hó la foule!
Tudo o que passa, tudo o que pára às montras!
Comerciantes; vadios; escrocs exageradamente bem-vestidos;
Membros evidentes de clubes aristocráticos;
Esquálidas figuras dúbias; chefes de família vagamente felizes
E paternais até na corrente de oiro que atravessa o colete
De algibeira a algibeira!
Tudo o que passa, tudo o que passa e nunca passa!
Presença demasiadamente acentuada das cocotes;
Banalidade interessante (e quem sabe o quê por dentro?)
Das burguesinhas, mãe e filha geralmente,
Que andam na rua com um fim qualquer,
A graça feminil e falsa dos pederastas que passam, lentos;
E toda a gente simplesmente elegante que passeia e se mostra
E afinal tem alma lá dentro!


(Ah, como eu desejaria ser o souteneur disto tudo!)


A maravilhosa beleza das corrupções políticas,
Deliciosos escândalos financeiros e diplomáticos,
Agressões políticas nas ruas,
E de vez em quando o cometa dum regicídio
Que ilumina de Prodígio e Fanfarra os céus
Usuais e lúcidos da Civilização quotidiana!


Notícias desmentidas dos jornais,
Artigos políticos insinceramente sinceros,
Notícias passez à-la-caisse, grandes crimes --
Duas colunas deles passando para a segunda página!
O cheiro fresco a tinta de tipografia!
Os cartazes postos há pouco, molhados!
Vients-de-paraitre amarelos com uma cinta branca!
Como eu vos amo a todos, a todos, a todos,
Como eu vos amo de todas as maneiras,
Com os olhos e com os ouvidos e com o olfacto
E com o tacto (o que palpar-vos representa para mim!)
E com a inteligência como uma antena que fazeis vibrar!
Ah, como todos os meus sentidos têm cio de vós!


Adubos, debulhadoras a vapor, progressos da agricultura!
Química agrícola, e o comércio quase uma ciência!
Ó mostruários dos caixeiros-viajantes,
Dos caixeiros-viajantes, cavaleiros-andantes da Indústria,
Prolongamentos humanos das fábricas e dos calmos escritórios!


Ó fazendas nas montras! ó manequins! ó últimos figurinos!
Ó artigos inúteis que toda a gente quer comprar!
Olá grandes armazéns com várias secções!
Olá anúncios eléctricos que vêm e estão e desaparecem!
Olá tudo com que hoje se constrói, com que hoje se é diferente de ontem!
Eh, cimento armado, beton de cimento, novos processos!
Progressos dos armamentos gloriosamente mortíferos!
Couraças, canhões, metralhadoras, submarinos, aeroplanos!


Amo-vos a todos, a tudo, como uma fera.
Amo-vos carnivoramente,
Pervertidamente e enroscando a minha vista
Em vós, ó coisas grandes, banais, úteis, inúteis,
Ó coisas todas modernas,
Ó minhas contemporâneas, forma actual e próxima
Do sistema imediato do Universo!
Nova Revelação metálica e dinâmica de Deus!


Ó fábricas, ó laboratórios, ó music-halls, ó Luna-Parks,
Ó couraçados, ó pontes, ó docas flutuantes --
Na minha mente turbulenta e incandescida
Possuo-vos como a uma mulher bela,
Completamente vos possuo como a uma mulher bela que não se ama,
Que se encontra casualmente e se acha interessantíssima.


Eh-lá-hô fachadas das grandes lojas!
Eh-lá-hô elevadores dos grandes edifícios!
Eh-lá-hô recomposições ministeriais!
Parlamento, políticas, relatores de orçamentos;
Orçamentos falsificados!
(Um orçamento é tão natural como uma árvore
E um parlamento tão belo como uma borboleta.)


Eh-lá o interesse por tudo na vida,
Porque tudo é a vida, desde os brilhantes nas montras
Até à noite ponte misteriosa entre os astros
E o amor antigo e solene, lavando as costas
E sendo misericordiosamente o mesmo
Que era quando Platão era realmente Platão
Na sua presença real e na sua carne com a alma dentro,
E falava com Aristóteles, que havia de não ser discípulo dele.


Eu podia morrer triturado por um motor
Com o sentimento de deliciosa entrega duma mulher possuída.
Atirem-me para dentro das fornalhas!
Metam-me debaixo dos comboios!
Espanquem-me a bordo de navios!
Masoquismo através de maquinismos!
Sadismo de não sei quê moderno e eu e barulho!


Up-lá hó jóquei que ganhaste o Derby,
Morder entre dentes o teu cap de duas cores!


(Ser tão alto que não pudesse entrar por nenhuma porta!
Ah, olhar é em mim uma perversão sexual!)


Eh-lá, eh-lá, eh-lá, catedrais!
Deixai-me partir a cabeça de encontro às vossas esquinas,
E ser levantado da rua cheio de sangue
Sem ninguém saber quem eu sou!


Ó tramways, funiculares, metropolitanos,
Roçai-vos por mim até ao espasmo!
Hilla! hilla! hilla-hô!
Dai-me gargalhadas em plena cara,
Ó automóveis apinhados de pândegos e de putas,
Ó multidões quotidianas nem alegres nem tristes das ruas,
Rio multicolor anónimo e onde eu me posso banhar como quereria!
Ah, que vidas complexas, que coisas lá pelas casas de tudo isto!
Ah, saber-lhes as vidas a todos, as dificuldades de dinheiro,
As dissensões domésticas, os deboches que não se suspeitam,
Os pensamentos que cada um tem a sós consigo no seu quarto
E os gestos que faz quando ninguém pode ver!
Não saber tudo isto é ignorar tudo, ó raiva,
Ó raiva que como uma febre e um cio e uma fome
Me põe a magro o rosto e me agita às vezes as mãos
Em crispações absurdas em pleno meio das turbas
Nas ruas cheias de encontrões!


Ah, e a gente ordinária e suja, que parece sempre a mesma,
Que emprega palavrões como palavras usuais,
Cujos filhos roubam às portas das mercearias
E cujas filhas aos oito anos -- e eu acho isto belo e amo-o! --
Masturbam homens de aspecto decente nos vãos de escada.
A gentalha que anda pelos andaimes e que vai para casa
Por vielas quase irreais de estreiteza e podridão.
Maravilhosa gente humana que vive como os cães,
Que está abaixo de todos os sistemas morais,
Para quem nenhuma religião foi feita,
Nenhuma arte criada,
Nenhuma política destinada para eles!
Como eu vos amo a todos, porque sois assim,
Nem imorais de tão baixos que sois, nem bons nem maus,
Inatingíveis por todos os progressos,
Fauna maravilhosa do fundo do mar da vida!



(Na nora do quintal da minha casa
O burro anda à roda, anda à roda,

E o mistério do mundo é do tamanho disto.
Limpa o suor com o braço, trabalhador descontente.
A luz do sol abafa o silêncio das esferas
E havemos todos de morrer,
Ó pinheirais sombrios ao crepúsculo,
Pinheirais onde a minha infância era outra coisa
Do que eu sou hoje. . . )



Mas, ah outra vez a raiva mecânica constante!
Outra vez a obsessão movimentada dos ónibus.
E outra vez a fúria de estar indo ao mesmo tempo dentro de todos os comboios
De todas as partes do mundo,
De estar dizendo adeus de bordo de todos os navios,
Que a estas horas estão levantando ferro ou afastando-se das docas.
Ó ferro, ó aço, ó alumínio, ó chapas de ferro ondulado!
Ó cais, ó portos, ó comboios, ó guindastes, ó rebocadores!



Eh-lá grandes desastres de comboios!
Eh-lá desabamentos de galerias de minas!
Eh-lá naufrágios deliciosos dos grandes transatlânticos!
Eh-lá-hô revoluções aqui, ali, acolá,
Alterações de constituições, guerras, tratados, invasões,
Ruído, injustiças, violências, e talvez para breve o fim,
A grande invasão dos bárbaros amarelos pela Europa,
E outro Sol no novo Horizonte!


Que importa tudo isto, mas que importa tudo isto
Ao fúlgido e rubro ruído contemporâneo,
Ao ruído cruel e delicioso da civilização de hoje?
Tudo isso apaga tudo, salvo o Momento,
O Momento de tronco nu e quente como um fogueiro,
O Momento estridentemente ruidoso e mecânico,
O Momento dinâmico passagem de todas as bacantes
Do ferro e do bronze e da bebedeira dos metais.


Eia comboios, eia pontes, eia hotéis à hora do jantar,
Eia aparelhos de todas as espécies, férreos, brutos, mínimos,
Instrumentos de precisão, aparelhos de triturar, de cavar,
Engenhos, brocas, máquinas rotativas!


Eia! eia! eia!
Eia eletricidade, nervos doentes da Matéria!
Eia telegrafia-sem-fios, simpatia metálica do inconsciente!
Eia túneis, eia canais, Panamá, Kiel, Suez!
Eia todo o passado dentro do presente!
Eia todo o futuro já dentro de nós! eia!
Eia! eia! eia!
Frutos de ferro e útil da árvore-fábrica cosmopolita!
Eia! eia! eia, eia-hô-ô-ô!
Nem sei que existo para dentro. Giro, rodeio, engenho-me.
Engatam-me em todos os comboios.
Içam-me em todos os cais.
Giro dentro das hélices de todos os navios.
Eia! eia-hô eia!
Eia! sou o calor mecânico e a electricidade!


Eia! e os rails e as casas de máquinas e a Europa!
Eia e hurrah por mim-tudo e tudo, máquinas a trabalhar, eia!


Galgar com tudo por cima de tudo! Hup-lá!


Hup-lá, hup-lá, hup-lá-hô, hup-lá!
Hé-lá! He-hô Ho-o-o-o-o!
Z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z-z!


Ah não ser eu toda a gente e toda a parte!

Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)

Em que movimento incluirias este poema? Porquê?


Procura uma pintura capaz de ilustrar este poema.

Neste capítulo, em substituição do trabalho apontado, podes optar por ler, apenas, um livro dos autores apontados e fazer a análise do que é histórico e do que é ficção no enredo.
Sugerimos-te:

- O Velho e o mar de Ernest Hemingway
- A Metamorfose de Kafka
- As Vinhas da Ira de John Steinbeck



4.    Rutura e inovação na Música



5.1.Os novos ritmos e expressões musicais.
5.2. Dá a conhecer aos teus colegas as novas expressões musicais, retirando do you tube  exemplos.
5.3. Faz uma breve biografia de cada autor.
5.4. Caracteriza as composições musicais.










Gustav Mahler (Áustria)


Stravinsky


George Gershin (E.U.A)




Louis Armstrong foi também um autor muito afamado:


Músicos portugueses:

Luís Freitas Branco


Viana da Mota


Gulhermina Suggia


      Procura analisar as características musicais; os temas; as inovações.




      O trabalho deve ter capa; introdução; desenvolvimento, conclusão, bibliografia e Índice.  Pode ser acompanhado por uma aplicação multimédia com muitas figuras e pouco texto.

A sua apresentação não pode demorar mais do que 15 minutos bem ilustrada e sem grande texto. Este não deve ser lido.


Bibliografia não citada:

Era uma vez … o Homem, 24, A “Belle Époque”, Planeta DeAgostini
Era uma vez … o Homem, 25, A “Os Anos da Loucura”, Planeta DeAgostini
O século do Povo,  1900-1914, A alvorada do século 2, Ediclube

O século do Povo,  1900-1914, A alvorada do século3, Ediclube

História da Música Clássica, Ediciones del Prado, vol 3




CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO  DO TRABALHO:

Correção científica: 70
Capacidade de síntese: 10
Arranjo gráfico: 10
Cumprimento das regras: 10