Pesquisar neste blogue

domingo, 25 de outubro de 2015

As Revoluções liberais; A industrialização e os movimentos culturais no século XIX- resumo para o teste

Resumos de história
As Revoluções liberais; A industrialização e os movimentos culturais no século XIX.

Texto elaborado pela Mariana Oliveira do 9º B, corrigido e ampliado por mim.

As revoluções liberais puseram fim ao Absolutismo que defendia que os poderes deviam estar concentrados na pessoa do rei. O Liberalismo acredita na soberania popular, na liberdade e igualdade e pensa que os poderes devm estar divididos: legislativo entregue ao Parlamento ou Cortes; executivo entregue ao rei ou presidente e judicial entregue aos tribunais. Neste regime deixa de existir as Ordens sociais: Clero e Nobreza, ordens privilegiadas e povo e passam a existir sociedades de classes: Burguesia, Classe Média e Povo (formado pelos operários, camponeses e mendigos).
1.1  No séc. XVII verificaram-se importantes alterações na agricultura de algumas regiões do norte da Europa (ex. Holanda e Inglaterra).
Os campos até então eram comuns a toda a população. Poucos campos eram cercados.  
A partir do séc. XVII os campos que até então não estavam cercados foram distribuídos pela nobreza e pela burguesia e foram cercados de sebes, as enclosures que foram semeadas de pastagens para o gado ovino: carneiros.
Formaram-se então grandes propriedades agrícolas a sul e sudoeste do país, onde se introduziram novas culturas, melhoramentos técnicos (como o afolhamento quadrienal) e maquinaria (semeador mecânico).
Muitos camponeses que levavam os seus gados a pastar nos campos comuns, agora privados deles, migraram para a cidade, onde engrossaram a mão de obra disponível.


1.2  Todas estas alterações levaram ao aumento da produtividade e à melhoria das condições de alimentação  da população.

1.3  A população inglesa aumentou devido a vários fatores tais como: melhoria da alimentação (devido as inovações na agricultura), melhoria das condições de habitação (casas de tijolo e de telha em vez de madeira e do colmo), da higiene (uso do sabão), diminuição da mortalidade infantil (descoberta da vacina contra a varíola).

1.4  Os fatores essênciais ao arranque da industrialização em meados do sec.XVII foram os progressos agrícolas que forneceram lã para alimentar a indústria têxtil;  os amplos mercados controlados pelos ingleses no ultramar, os recursos naturais em carvão de hulha e ferro, a abundância de capitais e de mão-de-obra ( vinda dos campos para a cidade) as condições politicas e sociais favoráveis à livre iniciativa e liberdade da concorrência e ainda as condições naturais favoráveis ao escoamento dos produtos, canais, rios, portos e o facto da Inglaterra ser uma ilha.

1.5  A Inglaterra dispunha de boas condições naturais que facilitava o transporte.
         Mas para alem das boas condições naturais, a Inglaterra introduziu grandes melhorias nas vias de comunicação: na construção de estradas e na construção de canais.

2.1 Ao longo do antigo regime, a indústria, deu-se pela passagem da etapa do artesanato e da manufactura (todo o trabalho era feito a mão) até meados do sec.XVII quando se deu a maquinofatura (o principal papel na produção passou a pertencer às máquinas).

2.2 A industrialização iniciou-se nos sectores têxtil (lanifícios e algodoeiro) e metalúrgico.
      Entre os grandes progressos técnicos, destaca-se a máquina a vapor (1769), cuja energia foi aplicada no desenvolvimento de outras máquinas.
      A utilização de máquinas levou a um aumento da produção de tecidos e de objetos de ferro e a melhores condições nas minas ( ex: máquinas de enxugar a água das minas)

2.3 Com a mecanização da produção o número de trabalhadores diminuiu, o que causou as       “revoltas luditas”, nos finais do sec.XVII que consistiram em  grupos de operários destruírem as máquinas e instalações em protesto contra o desemprego, de forma desorganização. Uma destas revoltas foi dirigida por John Ludd, Luditas.

3.1  Em resultado do desenvolvimento industrial, a paisagem de Inglaterra alterou-se (passou da a existir a Inglaterra verde e a Inglaterra negra, cheia de poluição das indústrias) .
Nas primeiras décadas a industrialização já tinha provocado graves problemas ambientais como a poluição do ar e das águas do rio.
3.2 os trabalhadores que viviam nos centros mineiros e industrias, enfrentavam difíceis  condições de vida.
O horário de trabalho era longo e muitas vezes sem descanso ao domingo.
As instalações não tinham condições de higiene nem de segurança.
Os operários alimentavam-se mal e moravam em habitações insalubres e pouco arejadas.
A população por falta de condições estavam sujeitas a muitas doenças como a tuberculose.
As dificuldades económicas dos operários provocavam também sérios problemas sociais.

1.1 Entre 1830 e 1870, desenvolveu-se a “ idade do caminho-de-ferro” iniciada em Inglaterra e depois continuada por outros países industrializados do mundo.
A revolução dos transportes implicou um grande desenvolvimento da indústria metalúrgica e o predomínio da maquinofatura sobre a manufatura.
Para alem da revolução dos transportes, esta 2 fase da revolução industrial caracterizou-se por:
·         Grande desenvolvimento do sector metalúrgico
·         O número de ofícios mecânicos tornou-se maior que os ofícios manuais

1.2 A expansão dos caminhos-de-ferro e o crescimento do tráfego marítimo impulsionaram a economia, levando à formação de amplos mercados nacionais e aceleraram as trocas intercontinentais; a rapidez de transporte dos produtos e a possibilidade dos produtos chegarem frescos a lugares longínquos acelerou as trocas.
1.3 Cerca de 1870, iniciou-se a “idade da eletricidade e do petróleo”, também conhecida por 2ª revolução industrial: novas fontes de energia (eletricidade e petróleo), novas maquinas (turbinas, dínamo motor de explosão), novas indústrias (siderurgia, química, material elétrico).
1.4 . No final do século XIX, além da Inglaterra, potências como a Alemanha, a França e a Bélgica que tinham feito a sua revolução industrial cresciam apoiadas nos seus impérios coloniais que forneciam matérias primas, mão de obra baratas e mercados certos. Os E.U. A. Emergiam industrialmente apoiados na descoberta de petróleo, nesse continente. O Japão apoiava-se também na política imperialista.

1.5  O desenvolvimento da revolução industrial foi impulsionado por uma nova doutrina- o liberalismo económico (livre iniciativa e não - intervenção do estado na economia das nações)

1.6  Capitalismo comercial: 1º fase da industrialização
Capitalismo industria e financeiro l: 2ª e 3ª  fase da industrialização

è O capitalismo financeiro é um sistema económico que apresenta como característica principal a subordinação dos meios de produção para a acumulação de dinheiro e obtenção de lucros ao mercado financeiro.

2.1 No séc. XIX, os avanços da ciência e da técnica fizeram melhorar a qualidade de vida das populações.

2.2 Entre outros progressos destacaram-se os ocorridos na medicina e na física e as inovações nos equipamentos domésticos, nas comunicações e nos espaços públicos das cidades.

2.3. O desenvolvimento da indústria e das cidades levou ao surgimento da arquitetura do ferro: estações de caminho de ferro, mercados, pontes e outras obras ou estruturas metálicas.

2.4 romantismo: (liberdade e natureza)
à exaltação de sentimento
è Valorização da natureza
è Defesa dos valores nacionais e da História, sobretudo da Idade Média como génese das nações e dos valores da liberdade ( Revoluções Liberais)

Realismo: (crítica a sociedade)
è Objetividade
è Realidade social

Impressionismo: (arranque da arte moderna)
è Procura transmitir a impressão do olhar sobre a realidade isto é o movimento, a cor e a luz, através de manchas, pintas ou cor contrastante ou quente.

1.1 Ao longo do sec. XIX a população europeia registou um forte aumento devido à melhoria da alimentação e aos progressos da medicina, entre outros aspetos.

1.2 As cidades industrializadas atraíram as populações rurais (êxodo rural) o que levou à criação de redes de abastecimento de água, de esgotos, de transportes urbanos.
Em simultâneo com o crescimento urbano, deu-se um grande surto de emigração em especial para as Américas.

2.1. A burguesia defende a livre iniciativa, o direito à propriedade e cultivo valores próprios.
É constituída por diferentes estratos sociais – a alta burguesia e as chamadas classes médias (média e pequena burguesia).

2.2. O número de membros das classes medias cresceu ao longo do seculo XIX: os seus membros dominavam em geral a cultura, dedicavam-se às profissões liberais: advogados; médicos; professores  e serviços. Orientavam a classe operária do ponto de vista filosófico.

3.1. A vida dos operários era dura (horários de trabalho longo, mal pagos, desemprego elevado, alimentação insuficiente e habitação sem condições).

3.2 Os abusos do capitalismo liberal (exploração  dos trabalhadores) levam  à criação do movimento operário que cria sindicatos que lutam pela melhoria das condições de vida e trabalho dos operários com recurso a greves e manifestações e à criação de partidos operários que lutam pela obtenção do direito de voto.
Em relação à miséria do proletário e à sua exploração pela burguesia, surgiram propostas socialistas que acredita que o trabalho deve contribuir para o bem- estar de todos e não de uma minoria. Este divide-se em:
- Socialismo Utópico que pretendia a mudança da sociedade através de reformas e é defendido por: Robert Owen; Saint-Simon; Fourier e Proudhon.
- Socialismo Científico que pretendia que os trabalhadores conscientes da sua classe devem empreender uma luta contra a burguesia com o objectivo de derrubar o capitalismo e instituir a sociedade sem classes. É Defendido por Karl Marx e F. Engels dois filósofos alemães autores da obra “Manifesto Comunista”.




terça-feira, 13 de outubro de 2015

TRABALHO SOBRE JÚLIO DINIS - VIDA E OBRA


Servindo-te dos elementos que te disponibilizo neste blogue e outros que encontrares, proponho-te um trabalho sobre Júlio Dinis, seguindo o seguinte roteiro:



Grupo 1. - Biografia de Júlio Dinis

a) - Nascimento
b) - Vida
c) - Obra

d) - Ligação a Gondomar: Fânzeres e Valbom.



Grupo 2. Vida rural em algumas passagens de Júlio Dinis: Casa ou Cozinha Campestre


a) descrição de uma casa de campo
b) Descrição  de uma cozinha do campo
c) Utilidade dos objetos.


Grupo 3. Solar de Montezelo

a) Descrição do Solar
b) Por que razão o Solar pode ser o Solar dos "Fidalgos da Casa Mourisca"


Grupo 4. Passeio de Manuel Quintino da obra "Uma família Inglesa"

a) Descrição do que observa Manuel Quintino
b) O que observaria hoje
c) Conclusão


Grupo 5. Tuberculose

a) História da doença

b) O século XIX e a tuberculose

c) Tuberculose hoje


Grupo 6. A Moda no século XIX

a) A moda masculina
b) A moda feminina


Grupo 7.  Histórias de amor

a) relato de histórias de amor retiradas dos romances de Júlio Dinis.
b) inserção no contexto histórico-cultural do século XIX.

Grupo 8. Monumento a Júlio Dinis em Parada Leitão

a) Descrição
b) Simbologia
c) Restauro

Grupo 9. Roteiro denisiano

Imagina uma viagem onde passes por todos os lugares ligados à vida de Júlio Dinis.

Grupo 10. Levantamento de nomes de ruas e instalações com nome Júlio Dinis, em Gondomar; no Porto; em Grijó e em Ovar



Grupo 11. As quintas de Valbom


a) Levantamento das quintas ainda existentes em Valbom que foram residências de fim de semana da burguesia portuense que aí vinha a ares.

Consulta: Biblioteca - Monografia de Valbom

Fotografar Quintas.

Grupo 12. História da Escola

a) Escola Preparatória Júlio Dinis
b) Escola Básica do 2º e 3º ciclo de Gondomar
c) Escola Básica Júio Dinis, Gondomar



Os trabalhos devem ser apresentadas em formato A3, O texto deve ter corpo  Arial ou Tahoma 14 no mínimo. Podem ser usados outros estilos mas nunca abaixo deste corpo. Deve ser dado relevo à imagem.


Critérios de avaliação:

60% - correção científica

20% - apresentação

20% - criatividade


História da Escola Básica Júlio Dinis, Gondomar










Em 2 de Janeiro de 1967 pelo Decreto-Lei 47.480 cria-se o “ Ciclo Preparatório do Ensino Secundário’’ para começar a ser implementado no ano letivo de 1968/69 (artº 26º , nº 1).
- O Decreto-lei nº 48.572 de 9/9/68 publica o Estatuto do Ciclo Preparatório do Ensino Secundário
- A Portaria 23.601 de 9/9/68 , publica os programas do Ciclo Preparatório do Ensino Secundário.
Em 1967 é criado o Ciclo Preparatório do Ensino Secundário (Dec-Lei nº.47.480, de 2 de Janeiro), constituído por dois anos (5ª. e 6ª. Classe). Este ciclo passa a ser comum aos liceus e às escolas técnicas. Em 1969, começa uma fase de grandes transformações no ensino em Portugal, que conduziu à sua rápida expansão e massificação. O ensino liceal foi a modalidade que mais se expandiu à custa da proliferação de colégios privados.
O Decreto n.º 48 572 do Ministério da Educação Nacional de 9 de Setembro de 1968
Aprova o estatuto do Ciclo Preparatório do Ensino Secundário que constitui um dos meios possíveis de cumprimento da escolaridade obrigatória.

Nesse seguimento surge a escola Preparatória Júlio Dinis. As primeiras reuniões são feitas na Escola Industrial e Comercial de Gondomar. Aí, certamente, foi decidido o nome a dar à escola e o local onde deveria ser ministrado o ensino às meninas, já que a secção dos rapazes ficaria na própria Escola Industrial.








Se a escola Preparatória Júlio Dinis, começou por ocupar o edifício da Rua Dr. Oliveira Salazar/ 25 de Abril, com o número 279 (secção feminina), e parte das instalações na Escola Comercial e Industrial de Gondomar (atual Escola Secundária), em Janeiro de 1973 passou a ter novas instalações contíguas à atual Secundária de Gondomar.
Após o 25 de abril de 1974, a Escola Júlio Dinis passou a denominar-se Escola Preparatória de Gondomar.

Por que denominar-se Júlio Dinis?

Durante muito tempo defendeu-se que foi junto de Agostinho Ferreira Barbosa, reitor de Fânzeres, que Júlio Dinis estadeou em convalescença da sua tuberculose, em agosto e parte de setembro de 1869. Como o reitor de Fânzeres, homem esmoler e culto, personifica a bondade em pessoa, há uma corrente de pensamento que o indica como inspirador da personagem “Reitor” das pupilas do Senhor Reitor do referido escritor. Efetivamente, o Padre Agostinho, foi coadjutor de Fânzeres desde 1824 e Reitor a partir de 1832, datas muito anteriores à estada de Júlio Dinis naquela freguesia. Aliás morre um ano antes da publicação da obra em 1866 no “jornal do Porto”.
Por essa altura o pároco com o qual é natural Júlio Dinis ter travado amizade,já que são ambos do Porto, é o padre António Pinto do Outeiro.
Mais provável é o padre Agostinho assemelhar-se à personalidade desse outro Reitor, o reverendo Fernando António Correia da Silva, abade de Grijó, reitor desde 1833 e falecido em 1877, esse sim possível inspirador de “As Pupilas do Sr. Reitor” segundo a opinião do prof. António Domingos de Sousa Costa.[i] Também o médico Egas Moniz que investigou a obra do seu colega, Júlio Dinis mostra provas em que “As pupilas do Sr. Reitor” teriam sido escritas em Ovar e inspiradas em pessoas dessa terra. A verdade, é que o mundo rural tem muitas semelhanças entre si e mesmo Júlio Dinis diz que se inspirou no ”Pároco de Aldeia” de Alexandre Herculano”:
Esse romance das “Pupilas” é a realização dum pensamento filho das impressões que, desde a idade de doze anos, tenho recebido das sucessivas leituras do “Pároco de Aldeia”. O meu Reitor não fez mais do que seguir, a passo incerto, as fundas pisadas que o inimitável tipo criado por v. EXª deixou na sua passagem”[ii]

Serafim Gesta[iii] e Fina de D´Armada[iv] defendem que Júlio Dinis teria estado em Fânzeres, aquando do exercício de funções do Padre Pinto do Outeiro. Fina d´Armada refere mesmo que Júlio Dinis esteve hospedado no presbitério com o escritor Augusto Luso, a convite do padre. Reproduz até uma carta do escritor, datada de 1869:
S. Salvador de Fânzeres, 24 de Agosto de 1869
(Residência paroquial)
Meu caro Passos:
O Luso tem novamente sido ameaçado de dores de queixos e, por isso, pede que lhe mandes doze papeia de sulfato como de costume.
Eu também ao acordar fui mimoseado com um leve incómodo, para me não esquecer de que sou doente, como às vezes estou próximo a convencer-me. Por isso e por a trovoada matinal, gorou-se a projectada pescaria e limitou-se o divertimento do dia a simples passeio campestre. Não tenho remédio, para não desconsiderar de todo em todo a medicina, em que cada vez creio menos, senão esfregar-me com alguma coisa que me evite a repetição da pouco agradável surpresa de ontem; por isso peço-te que me mandes uma porção de óleo de croton. O meu estado de espírito não é mau: digo-te com sinceridade. Já me vou acostumando às peripécias da minha doença; aceito-as como factos habituais. O nosso bom abade continua aflito com o calor, desconfiado da política moderna e preocupado com a engorda dos seus porcos. Pede-me ele que tu lhe mandes comprar um rol para a roupa da lavadeira, desses que têm os objectos pintados, para suprir a falta da Clemência; quer também uma mão de papel fino para cartas e um maço de envelopes. Adeus. Visitas ao Eugénio, que tenha menos pressa de deixar o Porto.
Recomenda-me a teu pai, que estimarei saber que experimenta melhoras.
Teu do coração
Coelho

 Fina d´Armada vai mais longe e escreve que alguns capítulos do romance “Os Fidalgos da Casa Mourisca” teriam sido escritos em Fânzeres, já que o Júlio Dinis informa:
“Principiei a escrever “Os Fidalgos da Casa Mourisca no Funchal, em Março de 1869. Levava-o em meio do capítulo 8º, quando voltei ao Porto, em maio do mesmo ano. Trabalhei no Porto e escrevi-o até princípios do capítulo 17 desde Junho até Outubro, época em que voltei para a Madeira. Concluí-o no Funchal em 11 de Abril de 1870.”
Segundo este relato, entre Junho e Outubro de 1869, escreveu nove capítulos. Dentro deste período fica a sua estadia de Julho e Agosto, em Fânzeres, onde poderia ter escrito alguns capítulos entre o 8º e o 17º.
No capítulo IX, realça o sentir dos que emigram, mudam e regressam vendo tudo na mesma, o que aconteceu em Fânzeres, embora não exclusivamente:
“Ó feiticeiras fadas, que nos acompanhais quando por longe andamos, devorados de saudades, a lembrar-nos da terra onde nascemos, porque tão depressa nos abandonais à chegada? Por que … nos fazeis ver a realidade como a víamos dantes”

No capítulo XI, a personagem Clemente, um regedor do Povo tem que enfrentar os excessos dos fidalgos do Cruzeiro, a quem o próprio povo perdoa e as autoridades encobrem. A lavadeira do padre chamava-se Clemência.
No capítulo XI, descreve uma casa que sem específica poderia ser fanzerense:
Era uma casa branca, de um só andar e ao correr da rua, mas de sólida construção, bem caiada, bem pintada e bem esfregada. Entrava-se para ela por um pátio coberto de ramada, cercado de um muro baixo e fechado por uma cancela de castanho enegrecido”.
Mais à frente:
“ aqui um monte de rama de pinheiro além duas ou três rimas de achas, acolá um tronco de laranjeiras partido, uma mó de moinho, dois carros desaparelhados, dornas, arados, pipas, canastras, escadas de mão, e várias outros utensílios de lavoura e de uso doméstico”.
Na cozinha ”longos espreguiceiros ao longo das paredes, no alto prateleiros pejados de louça nacional, de panelas e alguidares; nas traves os cabos de cebolas, no fumeiro a bem corada pá de presunto; o amplo forno vomitava labaredas pela boca escancarada e a cada instante engolia as novas e enormes doses de lenha que lhe ministravam; na masseira fumegava já da farinha ainda não levedada para a fornada da semana; e nela os braços valentes e roliços de duas frescas moças do campo enterravam-se até aos cotovelos” Segue-se a fórmula típica do pão que se leva a cozer:
“S. Vicente te acrescente
S. Mamede te levede”
No capítulo XIII, Júlio Dinis descreve um caminho que bem poderia localizar-se numa qualquer aldeia, no verão, porque não em Fânzeres:
A companhia foi seguindo os acidentados caminhos da aldeia, cantando, saltando, pondo em confusão as lavadeiras moças que ensaboavam nas presas, abraçando à força na estrada as raparigas que, vergadas sob molhos de erva ou de milho cortado, mal lhes podiam fugir; visitando todas as tabernas, fazendo correrias a galinhas, porcos ou vacas que se lhes deparavam na passagem, calcando campos e escalando muros co o desassombro de senhores.”
No capítulo XIV, fala-nos do brasão enegrecido dum solar arruinado.
Na verdade, neste solar onde vivia Joaquim Araújo de Rangel, alferes, fidalgo da Casa Real, vereador da Câmara do Porto dotado de um notável espírito poético, mas ideal conservador, Miguelista, está presente na assinatura da Convenção de Évora-Monte. A quinta de Montezelo está, na verdade, nesta altura, a precisar de remodelações, que não são regateadas, mas feitas com recurso a hipotecas e outras operações bancárias.[v]
“Os Fidalgos da casa Mourisca” refletem as lutas entre liberais regeneradores e outras forças conservadoras. Aí, Fr. Januário é um administrador que amaldiçoa as mudanças. O abade Pinto  do Outeiro desconfia da política moderna.
No romance, da janela do solar via-se luz na janela do agricultor Tomé. Na verdade, na altura, em que Júlio Dinis esteve em Fânzeres, existia uma casa de lavoura de António Sousa Neves, que com cerca de 37 anos, que com espírito empreendedor, emparcela veigas, alarga caminhos, compra terrenos para uma escola, faz prosperar as três casas de lavoura que possui,
Este confronto que esteve patente em Fânzeres nesse e noutros tempos, pode muito bem ter inspirado o autor de “Os Fidalgos da Casa Mourisca”.
Uma coisa é certa, Júlio Dinis esteve em Fânzeres entre Julho e Agosto de 1869 a convite do seu amigo, padre Pinto do Outeiro.
Como alguém se lembrou de o nomear como patrono da primeira escola do Ciclo Preparatório do ensino Secundário de Gondomar, é justo que a escola que lhe deu continuação a Escola Básica de Gondomar retome o seu nome homenageando um autor que soube descrever a realidade do seu tempo tão cheio de contradições, como aliás o nosso, e neste sentido tão atual.







[i] Costa, António D. S., O Mosteiro de S. Salvador da Vila de Grijó, Grijó, Ed. Fábrica da Igreja de Grijó, 1993, pp. 221-224
[ii] A.D.P., doc 498 do Cabido da Sé do Porto, K/26/2/4, cx.60
[iii]  Gesta, Serafim, Inventário da Igreja de Gondomr, p. 8
[iv] D´Armada Fina, Monografia da Vila de Fânzeres, Junta de Freguesia de Fânzeres, 2005,p p. 30 e 31 e 427-428
[v] A.C. G., L. 20. T. 174, ff. 371 a 375, in Gomes, Maria de Fátima Isidro Martins, Temendo a Morte, Alguns aspectos da vida em Gondomar, 1834-1893. Freguesias de Fânzeres, S. Cosme, S. Pedro da Cova, Rio Tinto e Valbom, Porto, FlUP, 1996, p.71

Júlio Dinis - roteiro biobliográfico

Júlio Dinis - roteiro biobliográfico

" O homem positivo e frio recolhe de qualquer excursão à pátria com a carteira cheia de apontamentos; o entusiasta e poeta nem uma data regista. Viu menos, sentiu mais. "                                                                                                                        Júlio  Dinis
                              

                                                                                                                                                                                                                 


"Não tenteis a louca empresa de aniquilar o sentimento, espíritos áridos que infundadamente o temeis, como coisa desconhecida à vossa alma seca e estéril. Quem deveras confia nos destinos da humanidade não tem medo das lágrimas. Pode-se triunfar, com elas nos olhos."
                                      Júlio Dinis, A Morgadinha dos Canaviais - Capítulo XXI.









Joaquim Guilherme Gomes Coelho nasceu no Porto a 14 de Novembro de 1839 dias e aos quatro dias de idade foi batizado na igreja de S. Nicolau desta cidade.




Era filho de José Joaquim Gomes Coelho, natural de Ovar e médico-cirurgião pela Escola Médico-Cirúrgica do Porto e de Ana Constança Potter Pereira, natural do Porto, mas de ascendência britânica.
Teve oito irmãos que faleceram de tuberculose. A mãe, também, foi vitimada pela mesma doença, quando Júlio Dinis tinha cerca de seis anos de idade. Ele próprio acabou por morrer de tuberculose.
A sua infância foi vivida em Miragaia, na Rua do Reguinho uma rua e casa que foi destruída, aquando da construção da Rua Nova da Alfândega, a partir de medos do século XIX. Dela, resta, apenas, hoje, o troço da Rua de S. Francisco.




                          Igreja de S. Nicolau




http://aportanobre.blogspot.pt/2011_09_01_archive.html






                 Porto de Miragaia e estaleiros, fora da cidade do Porto. Visível Porta Nobre.

                                                                                                 Porta Nobre


Frequentou a escola primária de Miragaia e em 1853, depois de concluir o curso preparatório do Liceu, ingressou na Academia Politécnica do Porto, onde concluiu as cadeiras de química, matemática, física, botânica e zoologia com boas classificações e onde conviveu com Soares dos Passos.








Edifício da Academia Politécnica em 1822, onde ficou instalada a Universidade do Porto.




Matriculou-se, depois, no ano letivo de 1856-57,  na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, altura em que dois irmãos seus morrem, vítimas da tuberculose. Por essa altura, entrou para um grupo de teatro, o "Cenáculo", e escreveu as suas primeiras peças de teatro, que viriam a ser postumamente reunidas nos três volumes do Teatro Inédito, em 1946-1947.












Em 1860, começou a utilizar o pseudónimo Júlio Dinis ao enviar textos de poesia para a revista Grinalda. Nos textos publicados no Jornal do Porto, utilizou o pseudónimo "Diana de Aveleda".
Em 1861, defendeu a dissertação, intitulada Da Importância dos Estudos Meteorológicos para a Medicina e Especialmente de Suas Aplicações no Ramo Cirúrgico, estudo que terá a ver com a doença que vitimou a sua família.

Em 1865, conseguiu o lugar de demonstrador da Escola Médico Cirúrgica onde se tinha formado.
Por várias vezes teve que fazer temporadas no campo, Grijó, Ovar, Fânzeres, Madeira, locais limpos de ares, e que se consideravam propícios à cura da tuberculose que o vitimava.
Sob o pseudónimo de Júlio Dinis, terá escrito As Pupilas do Senhor Reitor (1867), depois de uma estada em Grijó e Ovar, daí o romance poder refletir ambientes aí bebidos. O mesmo pode ser dito de A Morgadinha dos Canaviais, escrito em 1868, talvez em Ovar.
Aqui ficava na casa modesta da sua tia Rosa Zagalo. De Ovar aprendeu a gostar. A sua ida ao Furadouro inspirou-o a escrever  “O Canto da Sereia.









Em Ovar encontrava-se, com frequência com Ana Simões, uma das filhas de Tomé Simões, cuja casa Júlio Dinis passou a frequentar com regularidade. A Ana ofereceu um coração de madrepérola com a seguinte dedicatória: “Venceste meu coração com subtil arte de amor”.  Retrataria, talvez esta senhora na Margarida de “As Pupilas do Senhor Reitor”.
Este coração de madrepérola encontra-se entre o acerbo de Júlio Dinis instalado no Museu de História da Medicina “Maximiano Lemos” (na sala José Carlos Lopes, na Faculdade de Medicina do Porto, no 6.º piso do Hospital de S. João, no Porto).
Quanto às cartas enviadas por Júlio Dinis a D. Ana Simões, teriam sido queimadas por pedido desta a sua filha porque esta, sentindo a vida extinguir-se, pediu à sua filha Emília que as queimasse. As cartas contribuiriam para elucidar o enigma, que alguns negam, da possível paixão do escritor por D. Ana.
Uma Família Inglesa, com o subtítulo “Cenas da vida portuense” foi editado em 1868. Aí, a personagem Manuel Quintino, descreve a paisagem e a faina do Douro, fazendo referência, aos saveiros e valboeiros, às remeiras que atravessavam as pessoas desde a Ribeira a Valbom para Avintes, bem como às quintas de Valbom.
Em 1869, faz uma estada em Fânzeres, onde terá começado a escrever “Os Fidalgos da Casa Mourisca”, talvez inspirados nos fidalgos de Montezelo, que terá concluído na Madeira em 1871. Esta última obra não chegou a ser totalmente revista pelo autor que faleceu antes de a concluir. Foi primo seu que o ajudou nesta tarefa que a concluiu.













Escreveu, ainda Serões da Província (1870), e  só  Poesias (1873).  Inéditos e Esparsos (1910), Teatro Inédito (1946-47) foram publicados postumamente.
 O único romance citadino é Uma Família Inglesa, baseado na literatura inglesa, pelo que pode ser defendido que Júlio Dinis foi  percursor desta corrente literária no nosso país, o que levou a que fosse apelidado de inaugurador da escola naturalista.
Foi o criador do romance campesino e as suas personagens, baseadas, na sua maioria, em pessoas com quem viveu ou contactou na vida real, estão imbuídas de grande naturalidade.É o caso da tia Doroteia, de «A Morgadinha dos Canaviais», inspirada por sua tia, em casa de quem viveu, quando se refugiou em Ovar, ou de Jenny, para a qual recebeu inspiração da sua prima e madrinha, Rita de Cássia Pinto Coelho.
É autor de poesias, peças de teatro, textos de teorização literária, mas destaca-se sobretudo como romancista. Júlio Dinis viu sempre o mundo pelo prisma da fraternidade, do otimismo, dos sentimentos sadios do amor e da esperança. Quanto à forma, é considerado um escritor de transição entre o romantismo e o realismo.
Além do pseudónimo, Júlio Dinis usou também o de Diana de Aveleda, com o qual se iniciou nas letras e assinou pequenas narrativas ingénuas como «Os Novelos da Tia Filomena» e o «Espólio do Senhor Cipriano», publicados em 1862 e 1863, respetivamente. Serviu-se de  Diana de Aveleda para assinar, também, pequenas crónicas no Diário do Porto.
Joaquim Guilherme Gomes Coelho morreu na madrugada de 12 de Setembro de 1871, depois de algum tempo de prostração, em casa de seu primo José Joaquim Pinto Coelho, na Rua Costa Cabral, n.º 323, no Porto, onde, nos últimos momentos, teve a presença do seu amigo Custódio Passos, irmão do poeta portuense ultrarromântico Soares de Passos.






Foi sepultado no cemitério que então havia junto da Igreja de Cedofeita.

Com a extinção deste cemitério, em 20 de Agosto de 1888 foram transladados os restos mortais do escritor, assim como os de seu irmão José Joaquim Gomes Coelho Júnior, para o jazigo n.º 58 do cemitério privativo da Ordem de São Francisco em Agramonte, onde já estava sepultado seu pai José Joaquim Gomes Coelho, irmão daquela Ordem, da qual também fora médico. (O pai faleceu em Lisboa, em casa de sua neta Ana, no dia 21 de Julho de 1885


  



                Cemitério de Agramonte, Porto, na secção da Ordem Terceira de São Francisco







MONUMENTO A JÚLIO DINIS – Largo Parada Leitão











 O Monumento é constituído por busto em bronze, da autoria de João da Silva (1880 – 1960), que assenta sobre plinto em granito. O conjunto é complementado com elegante figura feminina que presta homenagem através de deposição de grinalda de flores junto ao busto do poeta. O conjunto resultou de uma homenagem da Faculdade de Medicina do Porto e oferta do monumento à Câmara Municipal da mesma cidade. Foi inaugurado em 1 de dezembro de 1926. Foi restaurado pelo CRERE entre Maio e Julho de 2012.



                                                                                               















Vários aspetos do monumento a Júlio Dinis, no jardim da praça de Parada Leitão, antigo largo da Escola Médica. Zona da Cordoaria. Fotografia de Teófilo Rego

























http://www.infopedia.pt/$julio-dinis 1 de outubro de 2015



                                                                                                                          

Leia mais: http://quemdisse.com.br/especial.asp?QDCOD=TLF393SFXDKM3SLTXD1E#ixzz3nJ49HRs8  - 3 de outubro de 2015


http://gisaweb.cm-porto.pt/topics/5784/documents/ - 1 de outubro de 2015




http://muralhasdacidade.blogs.sapo.pt/ - 3 de outubro de 2015



http://www.cm-ovar.pt/www//Templates/GenericDetails.aspx?id_object=1483&divName=634s131s726s1822s1824s809&id_class=809 - 5 de outubro