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terça-feira, 13 de outubro de 2015

Júlio Dinis - roteiro biobliográfico

Júlio Dinis - roteiro biobliográfico

" O homem positivo e frio recolhe de qualquer excursão à pátria com a carteira cheia de apontamentos; o entusiasta e poeta nem uma data regista. Viu menos, sentiu mais. "                                                                                                                        Júlio  Dinis
                              

                                                                                                                                                                                                                 


"Não tenteis a louca empresa de aniquilar o sentimento, espíritos áridos que infundadamente o temeis, como coisa desconhecida à vossa alma seca e estéril. Quem deveras confia nos destinos da humanidade não tem medo das lágrimas. Pode-se triunfar, com elas nos olhos."
                                      Júlio Dinis, A Morgadinha dos Canaviais - Capítulo XXI.









Joaquim Guilherme Gomes Coelho nasceu no Porto a 14 de Novembro de 1839 dias e aos quatro dias de idade foi batizado na igreja de S. Nicolau desta cidade.




Era filho de José Joaquim Gomes Coelho, natural de Ovar e médico-cirurgião pela Escola Médico-Cirúrgica do Porto e de Ana Constança Potter Pereira, natural do Porto, mas de ascendência britânica.
Teve oito irmãos que faleceram de tuberculose. A mãe, também, foi vitimada pela mesma doença, quando Júlio Dinis tinha cerca de seis anos de idade. Ele próprio acabou por morrer de tuberculose.
A sua infância foi vivida em Miragaia, na Rua do Reguinho uma rua e casa que foi destruída, aquando da construção da Rua Nova da Alfândega, a partir de medos do século XIX. Dela, resta, apenas, hoje, o troço da Rua de S. Francisco.




                          Igreja de S. Nicolau




http://aportanobre.blogspot.pt/2011_09_01_archive.html






                 Porto de Miragaia e estaleiros, fora da cidade do Porto. Visível Porta Nobre.

                                                                                                 Porta Nobre


Frequentou a escola primária de Miragaia e em 1853, depois de concluir o curso preparatório do Liceu, ingressou na Academia Politécnica do Porto, onde concluiu as cadeiras de química, matemática, física, botânica e zoologia com boas classificações e onde conviveu com Soares dos Passos.








Edifício da Academia Politécnica em 1822, onde ficou instalada a Universidade do Porto.




Matriculou-se, depois, no ano letivo de 1856-57,  na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, altura em que dois irmãos seus morrem, vítimas da tuberculose. Por essa altura, entrou para um grupo de teatro, o "Cenáculo", e escreveu as suas primeiras peças de teatro, que viriam a ser postumamente reunidas nos três volumes do Teatro Inédito, em 1946-1947.












Em 1860, começou a utilizar o pseudónimo Júlio Dinis ao enviar textos de poesia para a revista Grinalda. Nos textos publicados no Jornal do Porto, utilizou o pseudónimo "Diana de Aveleda".
Em 1861, defendeu a dissertação, intitulada Da Importância dos Estudos Meteorológicos para a Medicina e Especialmente de Suas Aplicações no Ramo Cirúrgico, estudo que terá a ver com a doença que vitimou a sua família.

Em 1865, conseguiu o lugar de demonstrador da Escola Médico Cirúrgica onde se tinha formado.
Por várias vezes teve que fazer temporadas no campo, Grijó, Ovar, Fânzeres, Madeira, locais limpos de ares, e que se consideravam propícios à cura da tuberculose que o vitimava.
Sob o pseudónimo de Júlio Dinis, terá escrito As Pupilas do Senhor Reitor (1867), depois de uma estada em Grijó e Ovar, daí o romance poder refletir ambientes aí bebidos. O mesmo pode ser dito de A Morgadinha dos Canaviais, escrito em 1868, talvez em Ovar.
Aqui ficava na casa modesta da sua tia Rosa Zagalo. De Ovar aprendeu a gostar. A sua ida ao Furadouro inspirou-o a escrever  “O Canto da Sereia.









Em Ovar encontrava-se, com frequência com Ana Simões, uma das filhas de Tomé Simões, cuja casa Júlio Dinis passou a frequentar com regularidade. A Ana ofereceu um coração de madrepérola com a seguinte dedicatória: “Venceste meu coração com subtil arte de amor”.  Retrataria, talvez esta senhora na Margarida de “As Pupilas do Senhor Reitor”.
Este coração de madrepérola encontra-se entre o acerbo de Júlio Dinis instalado no Museu de História da Medicina “Maximiano Lemos” (na sala José Carlos Lopes, na Faculdade de Medicina do Porto, no 6.º piso do Hospital de S. João, no Porto).
Quanto às cartas enviadas por Júlio Dinis a D. Ana Simões, teriam sido queimadas por pedido desta a sua filha porque esta, sentindo a vida extinguir-se, pediu à sua filha Emília que as queimasse. As cartas contribuiriam para elucidar o enigma, que alguns negam, da possível paixão do escritor por D. Ana.
Uma Família Inglesa, com o subtítulo “Cenas da vida portuense” foi editado em 1868. Aí, a personagem Manuel Quintino, descreve a paisagem e a faina do Douro, fazendo referência, aos saveiros e valboeiros, às remeiras que atravessavam as pessoas desde a Ribeira a Valbom para Avintes, bem como às quintas de Valbom.
Em 1869, faz uma estada em Fânzeres, onde terá começado a escrever “Os Fidalgos da Casa Mourisca”, talvez inspirados nos fidalgos de Montezelo, que terá concluído na Madeira em 1871. Esta última obra não chegou a ser totalmente revista pelo autor que faleceu antes de a concluir. Foi primo seu que o ajudou nesta tarefa que a concluiu.













Escreveu, ainda Serões da Província (1870), e  só  Poesias (1873).  Inéditos e Esparsos (1910), Teatro Inédito (1946-47) foram publicados postumamente.
 O único romance citadino é Uma Família Inglesa, baseado na literatura inglesa, pelo que pode ser defendido que Júlio Dinis foi  percursor desta corrente literária no nosso país, o que levou a que fosse apelidado de inaugurador da escola naturalista.
Foi o criador do romance campesino e as suas personagens, baseadas, na sua maioria, em pessoas com quem viveu ou contactou na vida real, estão imbuídas de grande naturalidade.É o caso da tia Doroteia, de «A Morgadinha dos Canaviais», inspirada por sua tia, em casa de quem viveu, quando se refugiou em Ovar, ou de Jenny, para a qual recebeu inspiração da sua prima e madrinha, Rita de Cássia Pinto Coelho.
É autor de poesias, peças de teatro, textos de teorização literária, mas destaca-se sobretudo como romancista. Júlio Dinis viu sempre o mundo pelo prisma da fraternidade, do otimismo, dos sentimentos sadios do amor e da esperança. Quanto à forma, é considerado um escritor de transição entre o romantismo e o realismo.
Além do pseudónimo, Júlio Dinis usou também o de Diana de Aveleda, com o qual se iniciou nas letras e assinou pequenas narrativas ingénuas como «Os Novelos da Tia Filomena» e o «Espólio do Senhor Cipriano», publicados em 1862 e 1863, respetivamente. Serviu-se de  Diana de Aveleda para assinar, também, pequenas crónicas no Diário do Porto.
Joaquim Guilherme Gomes Coelho morreu na madrugada de 12 de Setembro de 1871, depois de algum tempo de prostração, em casa de seu primo José Joaquim Pinto Coelho, na Rua Costa Cabral, n.º 323, no Porto, onde, nos últimos momentos, teve a presença do seu amigo Custódio Passos, irmão do poeta portuense ultrarromântico Soares de Passos.






Foi sepultado no cemitério que então havia junto da Igreja de Cedofeita.

Com a extinção deste cemitério, em 20 de Agosto de 1888 foram transladados os restos mortais do escritor, assim como os de seu irmão José Joaquim Gomes Coelho Júnior, para o jazigo n.º 58 do cemitério privativo da Ordem de São Francisco em Agramonte, onde já estava sepultado seu pai José Joaquim Gomes Coelho, irmão daquela Ordem, da qual também fora médico. (O pai faleceu em Lisboa, em casa de sua neta Ana, no dia 21 de Julho de 1885


  



                Cemitério de Agramonte, Porto, na secção da Ordem Terceira de São Francisco







MONUMENTO A JÚLIO DINIS – Largo Parada Leitão











 O Monumento é constituído por busto em bronze, da autoria de João da Silva (1880 – 1960), que assenta sobre plinto em granito. O conjunto é complementado com elegante figura feminina que presta homenagem através de deposição de grinalda de flores junto ao busto do poeta. O conjunto resultou de uma homenagem da Faculdade de Medicina do Porto e oferta do monumento à Câmara Municipal da mesma cidade. Foi inaugurado em 1 de dezembro de 1926. Foi restaurado pelo CRERE entre Maio e Julho de 2012.



                                                                                               















Vários aspetos do monumento a Júlio Dinis, no jardim da praça de Parada Leitão, antigo largo da Escola Médica. Zona da Cordoaria. Fotografia de Teófilo Rego

























http://www.infopedia.pt/$julio-dinis 1 de outubro de 2015



                                                                                                                          

Leia mais: http://quemdisse.com.br/especial.asp?QDCOD=TLF393SFXDKM3SLTXD1E#ixzz3nJ49HRs8  - 3 de outubro de 2015


http://gisaweb.cm-porto.pt/topics/5784/documents/ - 1 de outubro de 2015




http://muralhasdacidade.blogs.sapo.pt/ - 3 de outubro de 2015



http://www.cm-ovar.pt/www//Templates/GenericDetails.aspx?id_object=1483&divName=634s131s726s1822s1824s809&id_class=809 - 5 de outubro